Em Portugal são conhecidas 28 espécies de répteis. Uma dessas espécies é o Camaleão-comum, Chamaeleo Chamaelon, uma espécie solitária, diurna e arborícola, que possui cauda preênsil, dedos unidos e organizados em dois grupos opostos – o que lhes permite funcionar como uma pinça – e um corpo comprimido lateralmente. Estes animais são ainda conhecidos pelo comprimento da língua e pela estranha movimentação independente dos olhos. Têm ainda uma extraordinária capacidade de alterar a sua cor corporal, que varia consoante o meio envolvente, o estado emocional, época do ano, sexo, idade, entre outros. Por exemplo, uma coloração escura pode ser indicação de doença ou, muito raramente, uma resposta a temperaturas extremas.
Esta espécie encontra-se Vulnerável
No Inverno, o camaleão hiberna sobre as árvores esperando que as temperaturas subam, e quando isso acontece, começam a procura de alimento, abundante durante a primavera. Posteriormente, é no início do verão que estes indivíduos iniciam a época de acasalamento (Julho a Setembro). Nessa altura, os camaleões possuem uma coloração mais exótica, com as fêmeas verdes e os machos amarelos. É também comum os machos alimentarem-se menos para dedicarem mais tempo à defesa do território e à localização de fêmeas. Após o acasalamento, as fêmeas – agora com uma coloração que mostra já não estarem receptivas -escavam o túnel onde irão colocar os ovos, por vezes demorando 10 horas na sua construção. Após 5 a 12 meses as crias eclodem, trazendo consigo a habilidade de alterar a coloração. Estes novos indivíduos apenas atingem a maturidade sexual após o primeiro ano de vida, prolongando-se até aos 6 anos.
Ao longo dos anos, esta e outras espécies de animais têm sofrido as consequências de desastres naturais, falta de recursos e destruição dos seus habitats. Apesar do camaleão comum não estar classificado como uma espécie em perigo de extinção, têm sido realizados esforços no âmbito da sua conservação nas regiões litorais de Espanha e do Algarve, pois a sua distribuição coincide com locais onde a pressão turística é muito elevada. Para além disso, esta espécie não tem uma boa capacidade de dispersão, incapacitando-os de colonizar outros locais potencialmente apropriados, mesmo quando não existem barreiras físicas (p.e. estradas, urbanizações, rios). Um estudo realizado por Patrícia Brás em 2011 revelou que em Portugal esta espécie encontra-se na categoria Vulnerável, e que devem ser adoptadas práticas para evitar a diminuição desta população, cujo maior factor de ameaça é a perda e fragmentação do seu habitat.
Bibliografia Blasco, M., Cano,J., Crespillo, E., Escudero, J.C., Romero, J., Sanchez, J.M. (1985) El Camaleón Comun (Chamaeleo chamaeleon) en la Peninsula Ibérica. Monografia 43,ICONA. Ministerio Agricultura Pesca y Alimentación. Madrid. Brás, P. (2011) Contribuição para uma estratégia de conservação para o camaleão-comum, Chamaleo chamaleon (Linnaeus, 1758), no sul de Portugal. Tese de Mestrado em Biologia da Conservação, Faculdade de Ciencias da Universidade de Lisboa, Lisboa. Cuadrado, M. (1999) Body colors indicate the reproductive status of female common chameleons: Experimental evidence for the intersex communication function. Ethology 095, 68-80. Herrel, A., Meyers, J., Aerts, P., Nishikawa, K. (2000). The mechanics of prey apprehension in chameleons. The Journal of Experimental Biology, 203, 3255-3263. Miraldo, A. (2002/2003) Sistemas de Informação Geografica aplicados ao estudo da população de camaleão-comum (Chamaeleo chamaeleon L. 1758) do Sul de Portugal: área de distribuição, abundância e efectivo populacional. Relatório de estágio para obtenção da licenciatura em Biologia a Aplicada aos Recursos Animais (variante Animais Terrestres). Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Lisboa.