É uma rapina de médias dimensões, com 45-50 cm de comprimento e 110-135 cm de envergadura. Tem duas formas de plumagem, a fase clara que se caracteriza que se caracteriza por apresentar em voo, as coberturas infra-alares brancas em contraste com as rémiges escuras e a cauda branca com a faixa terminal quase preta . Na parte superior, as rémiges pretas contrastam com as coberturas alares fulvas. Na fase escura, apresenta a parte superior castanha e a inferior com a cauda clara, marcada por uma faixa terminal sombria. A sua cauda é quadrada e as patas emplumadas.

As águias-calçadas são migradoras transarianas que começam a chegar ao nosso país em finais de Março. É mais comum durante a migração pós-nupcial (Setembro/Outubro), sendo reduzido o número de indivíduos que permanecem para passar o Inverno. A população nidificante instala, noemalmente, os ninhos em árvores, sendo os pinheiros o seu suporte favorito. As posturas são compostas, geralmente, por 2 ovos durando o período de incubação cerca de 36 a 38 dias. É uma espécie tipicamente florestal. Em Portugal, o seu habitat por excelência é o montado de sobro denso ou relativamente denso, associado ou
não a pinheiros Pinus spp. dispersos ou em manchas. Ocorre também em montados de azinho Q. rotundifolia relativamente densos, de preferência também com pinheiros ou sobreiros à mistura, e ainda em áreas com mais elevada preponderância
de pinhais mansos P. pinea ou bravos P. pinaster. A norte do Tejo, nas regiões serranas e planálticas do Leste, utiliza principalmente os pinhais bravos para nidificar, embora esporadicamente possa recorrer a matas ripícolas. Caça perfeitamente dentro dos próprios
montados ou dos pinhais mansos mais abertos, mas faz uso também dos terrenos
agrícolas, pastagens e matos, os quais, nas zonas serranas são o habitat praticamente
exclusivo de caça. A sua alimentação é composta, essencialmente, por aves de pequeno e médio porte, por répteis e pequenos mamíferos.

Migrador Reprodutor (MigRep)

Quase Ameaçado (NT)

No Paleárctico, a águia-calçada é uma espécie nidificante estival que se distribui por
duas “regiões”, uma a Oeste e que compreende a França, Península Ibérica e noroeste de África, e outra a Leste que se estende desde a Grécia e os Balcãs até ao lago Baikal, e ainda a norte do subcontinente indiano, passando pelo Cáucaso e Ásia Menor. A quase totalidade das suas populações são migradoras, deslocando-se
no Inverno para o subcontinente indiano e para a África Tropical, numa faixa que vai desde o Senegal ao Sudão e Etiópia e que se prolonga depois até à África do Sul. A espécie é sedentária nas ilhas Baleares, no norte da Índia e, ainda, na África do Sul e Namíbia. Em Portugal está ausente em grande parte das regiões Centro e Norte do país e no Algarve. Ocorre regularmente em Trás-os-Montes, Beiras interiores e no Alentejo, apresentando uma distribuição contínua nos distritos de Évora, Portalegre, Setúbal, Santarém, Castelo-Branco e Guarda. No Algarve. é rara como nidificante, ocorre sobretudo nas épocas de migração; durante a passagem outonal, o melhor local para ver esta espécie é, sem dúvida, a zona do cabo de São Vicente, principalmente quando os ventos sopram de leste, formando-se então concentrações de algumas dezenas ou mesmo centenas de aves.

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