Um pouco por todo o mundo, os Anfíbios encontram-se em crise e as suas populações têm vindo a desaparecer, como os dados que se seguem podem demonstrar:

- Mais de 32% das espécies de Anfíbios estão consideradas em perigo de extinção, um número significativamente maior do que em qualquer outro grupo de animais (p. ex. nas Aves 12% e nos Mamíferos 23%).

- Quase 50% das espécies conhecidas de Anfíbios encontram-se em declínio.

- Cerca de 165 espécies de Anfíbios podem, na verdade, encontrar-se já extintas.

Pode assim dizer-se que os Anfíbios são o grupo de animais globalmente mais ameaçado em todo o mundo.

As causas do desaparecimento dos Anfíbios são múltiplas e variam de local para local, mas podemos considerar como principais:

- a sua especial fragilidade face às alterações climáticas e ao aumento das radiações ultravioleta;

- a poluição do solo e da água devido ao uso excessivo de adubos e pesticidas;

- o desaparecimento dos locais de reprodução devido principalmente à intervenção do homem;

- a proliferação a nível mundial de uma grave doença infecciosa (quitridiomicose);

- a influência negativa de espécies exóticas invasivas, em especial de peixes predadores;

- a captura para consumo alimentar ou venda como mascotes em lojas de animais;

- a mortalidade nas estradas quando das migrações para (ou desde) os locais de reprodução.

Se a isto adicionarmos as particulares exigências e constrangimentos a que o clima mediterrânico submete a maior parte destas espécies, configura-se para as populações das 13 espécies de Anfíbios existentes no Algarve, um cenário de preocupante vulnerabilidade apesar da protecção legal de que beneficiam a nível nacional e europeu.

Na verdade, todas estas espécies estão inseridas na Convenção de Berna, cinco no Anexo II (espécies estritamente protegidas da fauna europeia) e as restantes oito no Anexo III (espécies protegidas da fauna europeia). Complementarmente, sete espécies encontram-se integradas no Anexo IV da Directiva Habitats da União Europeia (espécies de interesse comunitário que exigem uma protecção rigorosa).

A Associação Almargem encontra-se muito empenhada na protecção dos Anfíbios até porque estes animais não recebem, em geral, as mesmas atenções mediáticas que outras espécies, nomeadamente de aves e mamíferos, as quais surgem regularmente como protagonistas de reportagens e artigos em órgãos de comunicação social com vasta audiência.

Aproveitando a comemoração, a 26 de Abril, de mais um Dia Internacional dos Anfíbios*, a Associação Almargem vai começar a distribuir por todas as Autarquias do Algarve um pequeno inquérito acerca da situação das populações de Anfíbios no respectivo território, juntamente com algumas sugestões e desafios dirigidos à protecção e conservação de rãs, sapos, tritões e salamandras.

Entretanto, no dia 25 de Abril, a Associação Almargem realiza também uma das suas já habituais caminhadas que, neste caso, irá justamente apresentar como tema central a Nave do Barão (Salir), um dos locais mais importantes para a reprodução dos Anfíbios no Barrocal Algarvio.

Para quem estiver interessado, aqui ficam os pontos de encontro:

9h00 - Nave do Barão - Café da Adega da Nave (início da caminhada - 8 kms);

10h00 - Lagoa da Nave (observação de anfíbios)

13h00 - Almoço no Restaurante Adega da Nave (comemorativo igualmente dos 40 anos da Revolução de Abril).

* Iniciativa "Save the Frogs Day" que abrangeu, em 2013, mais de 30 países em todo o mundo.