A Diabelha-do-Algarve, um tesouro natural em risco de desaparecer
Foi recentemente colocado em consulta pública, o estudo de impacte ambiental (EIA) do Loteamento Industrial de Vales de Algoz (concelho de Silves). A concretizar-se, este projecto irá afectar significativamente uma das espécies mais raras da nossa flora, o Plantago algarbiensis, também conhecido por diabelha-do-Algarve.
Até recentemente considerada um endemismo exclusivo do Algarve, esta espécie apresenta uma área de distribuição muito restrita, sendo por isso uma espécie extremamente rara a nível mundial. Em Portugal encontra-se geograficamente limitada à zona de Tunes e Algoz. Coloniza solos argilosos sujeitos a encharcamento temporário e clareiras de matos acidófilos.
Face à sua raridade, esta espécie apresenta vários estatutos de protecção:
- espécie prioritária para a conservação, pela Directiva Habitats (Directiva Comunitária n.º 92/43/CE, de 21 de Maio de 1992, relativa à preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens).
- espécie "Em Perigo Crítico" (Estatuto proposto para o Livro Vermelho das Plantas de Portugal, em preparação).
Apesar do estatuto de espécie prioritária para a conservação condicionar o Estado-membro em causa, a tomar medidas com vista à protecção efectiva da espécie, apenas 1 das 6 populações de Plantago algarbiensis conhecidas em Portugal, se encontra numa área abrangida por um Sítio de Interesse Comunitário (SIC) da Rede Natura 2000, no caso, o sítio do Barrocal (PTCON0049).
Até recentemente, eram conhecidas 7 populações a nível mundial, todas localizadas na região algarvia, ocupando uma área com cerca de 30ha. Apesar da sua localização ser assinalada na cartografia do ICN para o plano sectorial da rede Natura 2000, uma destas populações foi destruída em 2007 aquando da construção de uma urbanização (para a qual não houve necessidade de EIA), próximo do local onde se prevê agora a construção do novo loteamento industrial.
Talvez por se tratar de uma espécie de aspecto discreto, no EIA deste novo projecto não foi referida a presença da diabelha-do-Algarve neste local, isto apesar de aqui ocorrerem vários núcleos, alguns dos quais com uma grande densidade de indivíduos. O número de efectivos é tão elevado que se pode afirmar que este local alberga uma das maiores populações a nível mundial desta espécie.
No dito EIA, não foram consideradas outras alternativas a esta localização, quando nas imediações do local de implantação do novo loteamento, existem outras áreas consideravelmente mais vantajosas em termos ambientais.
A Almargem considera que a construção deste projecto, implicará a redução irreversível dos efectivos populacionais e do habitat disponível para esta espécie, pelo que solicitou que este seja objecto de parecer NEGATIVO no que refere à sua localização.
Apesar de nas fichas de caracterização de flora do plano sectorial da Rede Natura 2000, serem bem expressas a precariedade da espécie, as principais ameaças, bem como orientações de gestão, a verdade é que face à possibilidade de desaparecimento (só em 2007) de 2 das únicas 7 populações conhecidas em Portugal, pode ser afirmado que a extinção da diabelha-do-Algarve é um processo em curso, consequência da combinação de várias situações de risco:
- ausência de protecção das espécies, fora dos sítios da rede Natura 2000,
- falta de articulação entre as entidades do estado com responsabilidades no ordenamento do território,
- total ignorância e/ou indiferença pelo património natural.
A Associação Almargem assume o seu empenho na luta pela conservação da diabelha-do-Algarve, para que esta não se torne em mais uma espécie extinta em Portugal.
Loulé, 13 de Julho de 2007
Direcção.
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