Quinta da Ombria: Rede Natura 2000 está de luto
Agora que a primeira pedra tumular vai ser colocada na Quinta da Ombria, será que o Município de Loulé e o Governo não terão coragem de afastar definitivamente a hipótese de outro atentado semelhante no Vale do Freixo ?
Quando em 2003, o projeto da Quinta da Ombria começou a ganhar peso sob a forma de um Núcleo de Desenvolvimento Turístico, e perante o silêncio dos seus responsáveis, a Associação Almargem resolveu promover, pela primeira vez, uma sessão pública de discussão do projeto. Nessa reunião muito concorrida, realizada na Casa do Povo de Querença, o então Presidente da RTA, Hélder Martins, filho da terra e futuro diretor-geral da Quinta da Ombria, exigiu que a Almargem pedisse publicamente desculpa pela sua oposição ao projeto, sugerindo que, caso o não fizesse, os seus dirigentes passassem a ser considerados persona non grata em Querença.
Este episódio demonstra bem o tipo de mentalidade das pessoas que têm estado à frente do projeto da Quinta da Ombria e que, apesar das alterações que sofreu, fruto das condições impostas pela Comissão Europeia na sequência da queixa apresentada em 2004 pela LPN, continua a ser um verdadeiro atentado à paisagem e aos valores naturais da região em que se insere.
Como por diversas vezes a Almargem já referiu, a Quinta da Ombria terá um impacto significativo sobre os recursos hídricos da região, não só a nível dos aquíferos subterrâneos mas também devido à maior utilização das águas da Ribª de Algibre e sua consequência sobre a disponibilidade de água para fins agrícolas mais a jusante. Também parece evidente que grande parte desta zona vai tornar-se, durante anos, um autêntico esqueleto urbano inacabado, como já aconteceu noutros locais (p. ex. no Garrão), sem que sejam dadas garantias financeiras de que o processo possa ser revertido, caso algo corra mal.
Uma coisa que já deveria também ter sido exigida aos atuais donos da Quinta da Ombria é que apresentassem um verdadeiro programa de ação onde fosse explicado o contributo concreto do projeto para a valorização da economia e da qualidade de vida da região onde se insere, para a valorização do património cultural e ambiental, a identidade do território, os saberes e os produtos locais.
Outro dos aspetos que mais custa aceitar, é o facto de a Quinta da Ombria se situar paredes meias com a área protegida da Fonte Benémola, um dos locais que ajudou a Associação Almargem a nascer e a crescer. É de temer que, na prática, a Fonte Benémola passe a ser um parque de lazer à disposição dos futuros utentes dos luxuosos hotéis e moradias da Quinta da Ombria, incluindo eventuais intervenções negativas no interior da área protegida como as que já aconteceram num passado relativamente recente.
Sublinhe-se que outros projetos se perfilam prontos para avançar nas imediações deste espaço natural de caraterísticas únicas no Algarve, como por exemplo as Casas da Benémola, projeto "complementar" da Quinta da Ombria e promovido justamente por um dos seus antigos donos.
Um outro impacto muito relevante tem a ver com a localização da Quinta da Ombria no interior do Sítio Rede Natura 2000 do Barrocal. Quando a Comissão Europeia deu finalmente "luz verde" ao projeto em 2011, avisou o governo de Portugal que não seria admissível o aparecimento de um projeto semelhante no interior desse mesmo Sítio. Nada que impedisse o Município de Loulé de aceitar em 2012 a implementação do projeto do Vale do Freixo, irmão gémeo da Quinta da Ombria, não só pelo seu perfil urbano-turístico mas até pelo facto de se pretender situar igualmente ao lado de outra importante área protegida do concelho de Loulé, a Rocha da Pena.
Aproveitando a cerimónia de implantação da "primeira pedra" da Quinta da Ombria, o que não deixa de ser absolutamente ridículo em face das obras já efetuadas e que demonstram desde logo o seu impacto negativo, a Associação Almargem faz um apelo à Câmara Municipal de Loulé e aos membros do Governo que vão estar presentes, para que aproveitem a ocasião para declarar a sua oposição definitiva ao projeto do Vale do Freixo, tendo em conta a imperiosa necessidade em preservar os valores naturais do Sítio Rede Natura 2000 do Barrocal e da área protegida da Rocha da Pena.
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