Proposta de NDT na Ria de Alvor em terrenos interditados pelo tribunal (Fevereiro)
Está em consulta pública, até 6 de Fevereiro, uma proposta da Butwell, proprietária da Quinta da Rocha, para a concretização de um Núcleo de Desenvolvimento Turístico (NDT), nos mesmos terrenos em que a empresa foi condenada a abster-se da mobilização, da remoção de vegetação e à reposição das espécies e habitats destruídos.
As ONGA que constituem o Grupo de Acompanhamento da Ria de Alvor (A Rocha, Almargem, GEOTA, LPN, Quercus e SPEA) vão participar na consulta pública em curso, no sentido de garantir a observação completa dos constrangimentos que decorrem da lei, nomeadamente:
A condenação do Tribunal Administrativo
A proposta está prevista para os mesmos terrenos onde foi provada a destruição ilegal de espécies e de habitats prioritários. Os proprietários da Quinta da Rocha foram condenados pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé em 2012 a abster-se de quaisquer trabalhos que impliquem mobilização de terrenos ou remoção de vegetação nas áreas onde está cartografada a ocorrência de espécies e habitats protegidos e à reposição completa de todos os valores naturais destruídos. Esta sentença, inédita no direito ambiental português, foi confirmada em 2014 pelo Tribunal Central Administrativo do Sul.
A execução da proposta apresentada a concurso não é compatível com o cumprimento desta sentença. A execução de qualquer projecto nesta propriedade deverá respeitar cabalmente todas as condicionantes impostas pelo Tribunal.
Constrangimentos da protecção da Faixa Costeira
De acordo com o PROTAL, os NDT não são admissíveis na Margem – faixa do território até 50 metros da linha de máxima preia-mar de águas vivas equinociais (LMPMAVE) – nem na Zona Terrestre de Protecção – faixa do território entre 50 a 500 metros da LMPMAVE – tendo ainda que respeitar critérios específicos de qualificação na Faixa Costeira Sul entre os 500 e 2000 metros.
Uma grande parte da Quinta da Rocha (quase a totalidade) encontra-se a menos de 500 metros da LMPMAVE, pelo que a execução de quase todos os componentes da proposta apresentada a concurso para o NDT é legalmente inadmissível.
Constrangimentos da proteção da Rede Natura 2000
A Ria de Alvor foi designada Sítio de Importância Comunitária (SIC), no âmbito da protecção a nível europeu da Rede Natura 2000, pelo que todas as espécies e habitats que nela ocorrem se encontram devidamente cartografados pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
A proposta apresenta a sua própria cartografia, ignorando a cartografia oficial do ICNF, e prevê construções em áreas onde está demonstrada a ocorrência de espécies protegidas, o que é claramente inaceitável.
O Grupo de Acompanhamento da Ria de Alvor mantém-se disponível para colaborar com as autoridades administrativas em todo este processo. No entanto, qualquer decisão que não observe a legislação relativa às medidas de protecção da faixa costeira, às cartografias oficiais do ICNF ou às sentenças do Tribunal, será potencialmente ferida de nulidade e passível de impugnação administrativa.
Grupo de Acompanhamento da Ria de Alvor:
A Rocha – Associação Cristã de Estudo e Defesa do Ambiente
Tiago Branco ( Este endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar ; 933 734 535)
Almargem - Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve
João Santos ( Este endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar ; 289 412 959)
GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente
Irina Gomes ( Este endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar ; 916 475 533)
LPN – Liga para a Protecção da Natureza
Miguel Geraldes ( Este endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar ; 965 095 808)
Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
José Paulo Martins ( Este endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar ; 937 788 473)
SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves
Domingos Leitão ( Este endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar ; 969 562 381)
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