Dia Mundial das Zonas Húmidas - Pego do Inferno
Numa altura em que se comemora o 39º aniversário da Convenção de Ramsar, a Associação Almargem escolheu o Pego do Inferno (Tavira) como exemplo de uma das zonas húmidas do Algarve cujos problemas se têm vindo a arrastar ao longo dos anos e sem solução à vista.
No entender da Almargem, as obras efectuadas e as infraestruturas instaladas no Pego do Inferno, há cerca de 10 anos atrás, são um exemplo paradigmático de intervenção insustentável num ecossistema muito sensível, para além de se terem tornado num constante sorvedouro de dinheiro com vista a garantir a respectiva manutenção e a segurança dos milhares de visitantes que acorrem ao local sobretudo durante o Verão.
No entanto, apesar das avultadas verbas já investidas neste local, nunca chegou a ser resolvido o problema de base que resulta do facto de o Pego do Inferno se encontrar completamente encravado entre duas propriedades privadas de acesso restrito. Uma destas propriedades, na qual estão inseridos os Moinhos da Rocha, património histórico notabilíssimo à beira da ruína completa, está actualmente à venda, perspectivando-se o seu loteamento para moradias.
A Câmara Municipal de Tavira, que nunca se mostrou capaz de resolver este problema, por exemplo através de um acordo com o proprietário que assegurasse o usufruto público dos Moinhos da Rocha, prepara-se agora para gastar muitas dezenas de milhares de euros na pavimentação da estrada de acesso ao Pego do Inferno, contribuindo assim para agravar, ainda mais, a sobrecarga humana sobre o local.
Entretanto, outros espaços naturais com valor semelhante ou até superior ao Pego do Inferno, situados para montante na Ribª de Asseca, encontram-se à mercê de uma qualquer intervenção menos cuidada por parte dos proprietários ou do público em geral.
Neste contexto, a Associação Almargem teve já ocasião de propor, quer à Câmara Municipal de Tavira quer à ARH-Algarve, que todo o troço final da Ribª de Asseca, incluindo o Pego do Inferno, fosse alvo de um projecto de intervenção prioritária com vista à recuperação de habitats, limpeza da ribeira e suas margens, protecção efectiva da fauna e da flora, divulgação de geodiversidade e biodiversidade existentes, usufruto público dos Moinhos da Rocha e sua transformação em centro de interpretação do território, implementação de um novo modelo, mais equilibrado, de utilização do Pego do Inferno como zona de lazer.
Loulé, 2 de Fevereiro de 2010
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