Pedreira ameaça património geológico único em Loulé
Apesar da sua relativamente pequena extensão, a região do Algarve possui um importante e vasto legado geológico cuja história remonta há mais de 400 milhões de anos. Da Serra ao Litoral, passando pelo Barrocal e pela Beira Serra, de Barlavento a Sotavento, é possível observar um importante e interessante conjunto de valores geológicos, alguns dos quais se revelam de elevado interesse científico e pedagógico, e os quais conferem um aspecto singular a algumas paisagens da região. A atestar a sua grande geodiversidade está o facto de na região estarem representadas as três unidades geoestruturais que constituem o território português, situação que não se repete de uma forma tão expressiva noutras regiões de Portugal. Por esse motivo a região algarvia alberga um importante património geológico constituído por vários sítios de interesse, os quais permitem não só observar fenómenos geológicos notáveis que moldaram a paisagem, mas também conhecer melhor a história da Terra e testemunhar algumas páginas deste passado, de que são exemplo mais notável as jazidas de fósseis e pegadas deixadas pela passagem de dinossáurios.
Outro autêntico tesouro geológico do Algarve, ainda desconhecido pela generalidade da população, é o Campo de Mega-Lapiás da Varejota (S. Sebastião, Loulé), um dos mais notáveis exemplos do modelado cársico (paisagem onde a rocha calcária foi esculpida de formas curiosas pela água), sendo mesmo considerado o maior e mais bem conservado campo de mega-lapiás de Portugal. Por este facto, esta área está indicada para integrar, muito em breve, o Inventário do Património Geológico Português como valor de interesse científico - nacional. Apesar da sua inegável importância, a integridade deste valioso património geológico está há muito ameaçada pela laboração, na área próxima, de uma unidade industrial de extracção de calcário - pedreira da Nave do Castelão - a qual reclamou já uma área significativa, levando à destruição de algumas estruturas geológicas e à degradação de outras devido à constante utilização de explosivos.
Recentemente esteve em consulta pública o projecto de alargamento da referida pedreira, situação que a consumar-se teria consequências muito negativas, na medida em que será colocado em causa o valor excepcional do património geológico e também botânico em presença, bem como a possibilidade de reconhecimento nacional do Campo de Lapiás da Varejota como Geomonumento e a sua valorização e fruição públicas. O alargamento da pedreira, que passaria a ficar a menos de 100m de um dos núcleos mais espectaculares e visitados de mega-lapiás, implicaria uma situação incompatível com a utilização responsável deste local, ameaçando não só o património em causa mas pondo inclusivamente em risco a segurança dos potenciais visitantes.
A Almargem não contesta a necessidade do desenvolvimento de actividades económicas como a referida, porém não pode deixar de ignorar o impacte ambiental que estas podem gerar se forem incompatíveis com a preservação dos valores naturais, pelo que irá envidar todos os esforços para que o projecto seja reformulado ou objecto de proposta alternativa de localização.
Tendo em conta o que atrás se expõe, no parecer que elaboraram em conjunto, a Associação Almargem e a Associação para a Defesa e Divulgação do Património Geológico do Alentejo e Algarve (DPGA) propuseram a reprovação do Estudo de Impacte Ambiental de alargamento da pedreira da Nave do Castelão, que esteve em discussão pública.
Loulé, 27 de Julho de 2010
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